Biografia - Mergulho na magia de um mundo secreto

Para se falar da obra de João Pedro Rodrigues é preciso mergulhar no seu atelier transbordante de elementos orgânicos, sons aquáticos, peças de viagens, despojos do tempo, sínteses de outras atmosferas e motivos recorrentes do seu trajecto artístico. As obras espalham-se por todo o Chão, penduradas ou pousadas.
Acumulam-se trabalhos realizados em períodos diferentes, tópicos de uma vida e de uma actividade regular de escultor. São testemunhos de uma evolução repartida entre a encomenda e a produção individualista. Perpassam, nestas facetas, sinais corajosos de domínio de diferentes tecnologias e a audácia da experimentação. Proposta retomadas às vezes para serem alteradas, outras vezes prolongadas ou intocadas à espera do momento. Afinal uma oficina de escultor é, no seu conjunto, a obra mais completa de um artista e o espelho da espiritualidade do criador.
Mergulhando propriamente na obra em si haverá que dissecar estas facetas, aparentemente dispares, mas comunicando do mesmo universo inquietante e onírico.
A estética das suas criações anteriores, de recorte clássico, entram em diálogo com a pujança geométrica dos suportes, para realçar a presença do tempo e os aspectos de uma linguagem e de um imaginário contemporâneos.
Essas peças em gesso, cerâmica e cimento, com referência à cultura Grega, insinuando fragmentos de ícaros, corpos de homens-anjos, mulheres envoltas em véus ondulantes, faunos e seres de outros mundos, evocam a reunião do homem a um todo, ao cosmos, à totalidade do visível e do invisível. Suscitam uma aura de mistério, de enigma, sustentando uma solidão circunspecta e inquietante.
É assim que João Pedro Rodrigues convoca matericamente os conteúdos das memórias e torna cúmplice a interioridade e exterioridade.